Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) em Crianças

O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade muda de forma drástica a vida familiar. As famílias com uma ou mais crianças com TDAH experimentam em sua vida cotidiana diferenças fundamentais.

O barulho é constante. Há mais tensão e mais discussão. Comer fora pode se tornar algo impraticável e a hora do almoço nem sempre é divertida.

TDAHAs férias podem se tornar experiências infelizes e conflitos matrimoniais são seriamente exacerbados. Os irmãos podem competir interminavelmente, podem se sentir constrangidos, enraivecidos e descuidados. Já os pais sentem-se muitas vezes desencorajados ou deprimidos.

Há milhões de famílias com crianças portadoras de TDAH que vivem desta forma. Dia após dia todos são afetados. As mães normalmente são as primeiras a sentir esse impacto e muitas vezes acabam se sentindo culpadas, pensando no que fizeram de errado ou onde faltaram.

O TDAH recebeu muitos nomes ao longo dos anos e foram tentativas iniciais de descrever crianças excessivamente ativas e impulsivas. O nome Transtorno Déficit de Atenção surgiu pela primeira vez em 1980, no assim chamado DSM-III (Manual Diagnóstico e Estatístico dos Distúrbios Mentais).

Ali estava claro que o ponto central do problema era a dificuldade de se concentrar e manter a atenção. Atualmente o DSM-V propicia uma visão precisa, mas basicamente clínica do TDAH. As listas de sintomas são uma parte útil e necessária do diagnóstico, mas não conseguem descrever o que é ser - ou conviver com - uma criança com TDAH.

Vamos então descrever oito características que acompanham o TDAH e que darão uma imagem mais real de como a criança e sua família são afetadas:

 

1 Desatenção ou tendência à distração

A criança tem uma amplitude de atenção pequena demais para sua idade, não conseguindo manter a atenção em uma só tarefa ou atividade. A maior parte dessas crianças passa muito tempo na escola e se queixa muito de como esta é "chata". Se concentrar na tarefa é um esforço significativo e acabam enfrentando um problema invisível que não conseguem entender. Conforme vão crescendo começam a se sentir burras, e são acusadas de serem preguiçosas.

Essas crianças também podem prestar atenção ou ficar sentadas quietas em situações de novidade, de alto valor de interesse, de intimidação ou quando estão a sós com um adulto. Isso acaba confundindo mais a questão e produzindo diagnósticos errados.

Podemos examinar o problema da atenção também olhando para ele como uma tendência à distração. Elas reagem automaticamente a qualquer coisa nova, podendo se incomodar com o barulho de caminhão do lixo estacionando ou com o simples “rec-rec” do apontador de um colega de classe.

 

2 Impulsividade

Os atos impulsivos de crianças portadoras de TDAH podem ir de triviais a extremamente perigosos. Elas agem sem pensar ou fazem o que vem à cabeça, sem se preocupar com as consequências. Sabemos de várias crianças que brincando colocaram fogo em suas casas.

A impulsividade também pode prejudicar seriamente a interação social e quando frustrada a criança pode gritar com as outras ou até mesmo agredi-las fisicamente, na tentativa de conseguir que tudo seja feito do seu jeito. Ela geralmente explode imediatamente e faz o que quer que venha à cabeça, de maneira natural ou automática.

Conversando com elas, percebemos rapidamente que não possuem a capacidade desenvolvida de visualizar consequências ou de "conversar consigo mesmas". Podem acabar mentindo com frequência para se livrar dos aborrecimentos e não pensam no que vai acontecer quando forem pegas.

 

3 Dificuldades em esperar ser atendido (impaciência)

"Eu quero o que quero quando quero - e quero AGORA! Se você não me der, vou ter um ataque ou vou irritá-lo até conseguir o que quero". Isso é muitas vezes o que os pais sentem que o filho está dizendo.

Algumas crianças chegam a ter problemas de controle da urina e fezes pela dificuldade em esperar. Ás vezes ela está brincando e se divertindo quando sente vontade de ir ao banheiro. Então não consegue deixar de lado os minutos seguintes da brincadeira, não quer fazer nenhum intervalo e a vontade de ir ao banheiro aumenta, a criança continua a reprimi-la e, então - em um momento de esforço físico - perde o controle e se suja.

 

4 Hiperatividade

A hiperatividade é um sintoma provável e significa inquietação motora excessiva e agressiva, e não apenas espasmos de nervosismo. Os pais descreverão seus filhos como "sempre ligados na tomada" ou "movidos à pilha alcalina", e estar perto pode ser muito cansativo e irritante para eles. Conselhos como "fique quieto" ou "acalme-se" serão frequentemente ouvidos. A hiperatividade em si não é constante e meninas com TDAH costumam ser menos hiperativas que os meninos portadores do distúrbio.

 

5 Superexcitação emocional

Outra característica é demonstrar uma intensidade de sentimento que muitas vezes vai bem além do normal. A criança não consegue experimentar só um pouco de emoção, tem sempre de ser bastante. Geralmente os jovens anunciam o sentimento e as pessoas ao seu redor vão estar bem cientes do seu estado emocional.

Talvez as duas emoções mais comuns presentes nesse sentido sejam: felicidade e entusiasmo (no lado positivo), e raiva (no lado negativo).

As crianças portadoras de TDAH são notoriamente insensíveis a insinuações sociais, não percebem a expressão de desprazer no rosto das outras pessoas, não percebem o tom negativo na voz, nem mesmo ouvem o que está sendo dito.

Implorar ou gritar "tenha calma" é uma das táticas adultas menos eficazes e muitas vezes a criança precisa ser retirada da situação que a excitou por um tempo para que se acalme.

 

6 Desobediência

Conhecer as regras não é o problema dessas crianças. O problema delas é conseguir fazer o que se sabe e por isso têm dificuldade em seguir a regra. A questão em jogo é desempenho, não conhecimento. Parte da desobediência típica do TDAH envolve comportamento agressivo. A criança é muitas vezes impositiva com as outras, intolerante com os irmãos.

 

7 Problemas Sociais

Geralmente os problemas com colegas são uma parte importante de suas vidas. Normalmente são derivados do fato de elas serem enérgicas, mandonas, agressivas e competitivas demais.

Estas crianças sofrem de Baixa Tolerância à frustração e a maioria detesta perder e pode recorrer a trapaças, brigas ou mudanças de regras no meio do jogo para conseguir que as coisas sejam feitas do seu jeito.

O resultado deste comportamento agressivo é que elas acabam isoladas e têm muitas vezes que brincar com crianças vários anos mais novas que elas.

 

8 Desorganização

As crianças são muitas vezes desorientadas e esquecidas, perdem a noção do tempo e com frequência perdem as coisas.

Parte desta desorientação é por causa do problema da impaciência. Elas parecem incapazes de chegar em casa na hora, mesmo que tenham um relógio. Não querem parar o que estão fazendo e ir para casa. Também não prestam muita atenção à hora e essa característica é penosamente óbvia de manhã quando a mãe, o pai e o resto da família estão tentando sair. O caos das manhãs é uma das maiores reclamações dos pais.

 

O que fazer?

É extremamente importante o conhecimento acerca do TDAH por todos da família e todos que estiverem envolvidos no cuidado da criança para que possam ser educados a este respeito.

A psicoterapia para a criança e a família colabora na compreensão de todos e desenvolve recursos para que possam lidar melhor com tudo isso. Para que descubram suas potencialidades e formas criativas para atravessar estas questões.

Outro recurso a que se pode recorrer é o uso da medicação. Esta pode melhorar muito os sintomas e precisa ser cuidadosamente ajustada.

Para saber mais sobre o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade em Adultos, clique aqui.

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